Histórias da aviação – Um voo muito ruidoso

O mundo da aviação fascina e apaixona meio mundo. Será porque voar sempre foi uma das maiores aspirações da humanidade? Será pelo carisma das profissões a ele associadas? Será pela possibilidade de poder percorrer o mundo sobre as nuvens? Serão as potentes máquinas voadoras? Talvez por todas estas razões e mais alguma.

Ao longo de mais de sete décadas de voos sobre o atlântico, muitas são as histórias que temos para contar. Conheça a primeira na nova rubrica “Histórias da Aviação”.

Um voo muito ruidoso

“Dentro da cabine do avião, o bebé não parava de chorar.

O espaço parecia tornar-se cada vez mais pequeno e ambiente cada vez mais denso e desconfortável. Queria mesmo fechar os olhos e descansar, mas era impossível.

O bebé chorava, chorava, chorava. Era um choro cada vez mais alto e estridente. Os meus ouvidos zumbiam e os meus neurónios também.


Não era o único a sentir-me assim. Pressentia as pessoas à minha volta e por todo o avião a mexerem-se nervosas na cadeira e a suspirar audivelmente. Conseguia adivinhar várias cabeças a virarem-se na direção do barulho, como se isso pudesse dar poderes mágicos à mãe que, a viajar sozinha com o bebé, estava mais desesperada que todos nós.


Gradualmente, o choro deixou de ser tão estridente. Depois, transformou-se nuns soluços cada vez mais espaçados.


Olhei para o lado e vi um tripulante a caminhar, com o bebé aconchegado no colo, para a parte de trás do avião.
Recosto a cabeça e fecho os olhos, satisfeito com a ausência de ruído.

Vejo o bebé novamente, desta vez ao colo de uma tripulante, a caminhar até à frente do avião. Entretido, cada vez mais calmo, o bebé era passeado pela tripulação, de forma revezada, pela cabine. Até que foi devolvido ao colo da mãe, já com a disposição de quem tinha arejado a cabeça num passeio higiénico.

Apercebi-me de que, entre as muitas competências de um tripulante de cabine, saber acalmar bebés era uma espécie de super poder.”

História vivida por Jorge Ademar Câmara, num voo entre o Porto e Ponta Delgada, em 2017.

Acreditamos que quem nos escolhe para viajar já ouviu falar de nós, das nossas características peculiares e da nossa genuinidade. Dessas características fazem parte, também, a empatia e um sentimento de proximidade que nos proporcionam um gosto especial em fazer com que todos os passageiros se possam sentir confortáveis e aconchegados nos nossos aviões. Não é propriamente o que fazemos que faz a diferença, é a forma como o fazemos que faz com que nos recordem, recomendem e voltem a procurar.

Viaje connosco!

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