Há paixões que a razão desconhece. Conheça mais uma história do apaixonante mundo da aviação.

O Dash Q200 da SATA Air Açores é de menor dimensão mas não é “pequeno”. Frisamos isso porque as palavras são traiçoeiras e poderiam assumir um sentido pejorativo que, por certo, não gostaríamos de aplicar às nossas máquinas voadoras, sejam estas quais forem.
Digamos que o pequeno Dash Q200 é o nosso mais aconchegado avião, que tem apenas 37 lugares, mas dois poderosos motores a hélice de marca Pratts & Whitney. É um avião com 25.91 m de envergadura de asa alta, uma dimensão perfeita para quem deve saber dançar com o vento e com as nuvens, em suma, com o temperamento natural do Arquipélago dos Açores. É o único avião que chega à Ilha do Corvo e que nos presenteia com aterragens e descolagens absolutamente incríveis, naquela que é a menor pista do Arquipélago dos Açores.
Quem vive intensamente a operação aérea, como nós aqui deste lado – e como muitos dos nossos passageiros e seguidores – sabe bem quando se aproxima o Q200. O som dos seus motores é inconfundível e se há quem o chame de “máquina barulhenta” nós corrigimos com “tem um timbre de voz maduro e seguro”.

E embora possa parecer estranho atribuir características humanas às máquinas, na verdade, é muito comum ouvir-se os nossos Técnicos de Manutenção de Aeronaves falarem dos nossos aviões como se de filhos se tratassem. Para eles, estas máquinas têm nome: são o Bravo e o Charlie. Afinal, é nestes pais adotivos que recai a responsabilidade de cuidar, de compreender, de estudar e de sanar todas as suas feridas. Esperamos que compreenda: um avião é, para nós, definitivamente mais, do que uma máquina que voa.

Nas próximas semanas, e porque o Natal está à porta, o nosso Q200 vai voltar a transformar-se em versão Combi. E o que é isso, afinal, pergunta o leitor? É uma versão mista, que permite transportar mais carga do que o habitual, mas, ainda assim, continuar a acomodar no seu interior, os passageiros que desejam viajar. Esta transformação, já foi experimentada no passado recente para a garantir o abastecimento de bens de primeira necessidade, durante a fase de emergência provocada pela pandemia COVID-19. Mas agora, a versão Combi regressa por outro motivo: porque embora a pandemia persista, o espírito de Natal é mais forte do que o vírus e, como tal, na SATA esperamos vir a transportar, para cada ilha que nos aguarda, tudo o que faz falta numa época especial quanto a que se aproxima.
Nos próximos dias, assim como no restante ano, o Q200 continuará a assegurar as viagens com destino ao Corvo, mas pousará muito nas Flores, na Graciosa, em São Jorge, no Faial e, como sempre, no Pico, numa operação aérea continua, que costuma somar mais de 5 voos por dia. Lá dentro, para além dos nossos passageiros e três tripulantes (dois de cockpit e um de cabine) transportará alimentos frescos, correio, bens de primeira necessidade e, claro, as prendas, vindas daqui e dali.

E agora perguntamos: será que numa próxima viagem a bordo do Dash Q200 vai olhar para ele com outro olhar e vai apreciar o roncar dos seus motores com outra ternura? Esperemos que sim. Afinal, nada nos dá mais prazer do que partilhar consigo as múltiplas “razões” que motivam esta nossa paixão pela aviação.

Bombardier Dash Q200
Motores Pratts & Whitney Canada PW123C/D
Potência: 2,150 SHP
Comprimento: 22.25 m
Envergadura: 25.91 m
Altura: 7.49 m
Velocidade Cruzeiro: 535 Km/h
Altitude máxima: 7.620 m
Alcance: 1.839 Km
Capacidade Combustível: 3.160 Lt
Nº passageiros: 37
Na versão Combi: 29 lugares | 1608 kg de carga (+ 65 % do que em versão clássica
Boa tarde.
Porque consideram o Q200 ruidoso? Eu já fiz alguns voos, tanto no 200 como no 400 e não achei tanta diferença. Aliás, sendo Q, não têm ambos o sistema NVS?
Obrigado.
Agradecemos o seu comentário. Não imagina a satisfação que nos traz saber que temos leitores assíduos e atentos aos nossos conteúdos. Dada natureza do texto, deveremos acomodar o facto do autor ter procurado personalizar o Q200, retratando-o de forma emotiva, logo, mais subjetiva, através de pressupostos que assentam na sua perceção e não propriamente no rigor técnico no que respeita ao comparativo dos níveis de ruído.
Confirmamos que ambos os equipamentos possuem sistemas NVS (Noise and Vibration Suppression System). Acontece que o Q200, com uma hélice de 4 pás, é mais ruidoso no exterior do que, por exemplo, o Q400, com uma hélice de 6 pás. Para o passageiro, no interior de qualquer uma das aeronaves Q200 e Q400, o ruído tem a mesma intensidade.
Agradecemos, uma vez mais, a sua atenção para connosco e o seu comentário.