
Nunca a palavra “Sustentabilidade” foi tão importante para o Turismo. Nos Açores existe a preocupação de manter vivo um sistema ecológico que garanta ao mesmo tempo a qualidade de vida social e económica dos locais e visitantes. Afinal, somos todos habitantes do mesmo Planeta.
A pandemia provocada pela Covid-19 demonstrou que não há fronteiras no mundo quando a natureza ameaça a vida humana. Por isso é que nos Açores sabe-se bem que fazemos parte de uma natureza em constante mutação para se regenerar dos males que a afetam. O turismo é a expressão máxima de passar fronteiras e, para que o turismo não seja um mal para a natureza, isso obriga-nos a ser cada vez mais sustentáveis. Frise-se que os Açores encontram-se pelo segundo ano consecutivo num processo de Certificação de Destino Turístico Sustentável pela Earthchek – entidade acreditada para certificar destinos turísticos-, e que, logo no primeiro ano de participação, foi contemplado como o primeiro arquipélago no mundo certificado como destino sustentável. Assim, deixamos aqui 5 dicas para que ajude os Açores a continuar a ser um destino sustentável. De certeza que vai conseguir cumprir com muitas delas.
1 – Diga não ao plástico
As embalagens de plástico, está visto, contribuem para a poluição da Terra e, sobretudo, dos Oceanos. Os Açores possuem uma cultura baseada na Terra e no Mar. Somos como uma jangada de pedra parada no Oceano Atlântico, pelo que o Mar é como que uma extensão natural do nosso território terrestre. Os animais terrestres e, sobretudo, os marinhos, estão cada vez mais expostos aos desperdícios de plástico. Tudo o que puder evitar o consumo de plásticos e o lixo que isso produz deve ser estimulado.
2 – Use garrafas recicláveis
No seguimento da dica anterior, salientamos que, quando passear pelos Açores, pelas nossas ruas, paisagens, lagoas e mar, use, de preferência, garrafas reutilizáveis. Evita-se assim que milhares de garrafas de plástico fiquem por aqui, perdidas na ilha, durante várias centenas de anos após a sua partida.
3 – Faça passeios a pé ou em veículos ecológicos
Vai ver que, nos Açores, o melhor que tem a fazer é andar a pé. Pelos nossos trilhos, parques, cidades, campos. Um verdadeiro momento de contacto com uma natureza única e encantadora. O ar que respirar será trazido pelo vento do Atlântico, limpo e regenerador. Por isso, quando caminhar a pé não for a solução mais prática para o momento, use veículos ecológicos ou transportes públicos locais. Tudo o que puder fazer para evitar a produção de gases poluentes é certamente bem-vindo.
4 – Não deixe lixo perdido
Esta nem seria preciso ser mencionada, pois basta agir como faria em sua casa: não deixe o lixo perdido em locais públicos. Se for necessário, leve consigo um saco extra para o lixo que poderá produzir e depois deposite-o em local apropriado para o efeito. Todos agradecemos.
5 – Prefira o produto local
Nada como sustentar a economia e a vida social aproveitando a estadia para conhecer a gastronomia local. São sabores e produtos que dificilmente poderá vir a encontrar noutras paragens do globo. Também o nosso artesanato é uma garantia de autenticidade e poderá dar excelentes lembranças de viagem e ainda ofertas a amigos que ficaram longe. Ao agir desta forma, todos ficam a ganhar. E, quando assim acontece, sabemos que há uma harmonia entre quem aqui vive daquilo que a natureza há muito nos oferece e entre aqueles que, por breves momentos da sua vida, fazem parte da vida nesta pequena jangada de pedra, no meio do Oceano Atlântico, entre dois grandes continentes.
Um Turismo Rural em nome do bom Ambiente

Entre as várias medidas de turismo sustentável nos Açores podemos ainda destacar o exemplo do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas “Casas Açorianas – Associação de Turismo em Espaço Rural”. Trata-se de uma associação sem fins lucrativos, criada em 2004 por iniciativa dos proprietários de unidades turísticas, e pioneira do turismo rural e de natureza nos Açores. Atualmente, a associação representa cerca de 50 associados espalhados por oito das nove ilhas dos Açores. Apresentam-se como “um repositório de vivências, onde se pode observar e experimentar toda a evolução da cultura gastronómica e civilizacional dos Açores ao longo dos séculos”, conforme explica o seu presidente, Gilberto Vieira. A grande maioria dos alojamentos açorianos estão em espaço rural, inseridos em ambientes cuja paisagem natural circundante é uma presença dominante, e é neste sentido que tem sido uma preocupação constante das Casas Açorianas que os mesmos sejam salvaguardados, de forma a não perderem a descaracterização e essência cultural do turismo em espaço rural. Dentro daquilo que os Açores têm de melhor, esta é uma associação que estimula a recuperação de edificações em ambientes tradicionais que, de outra forma, estariam hoje ao abandono. Procuram apostar na arquitetura e materiais originais, tanto quanto possível, sem menosprezar as necessidades atuais de segurança e conforto. Para os Açores conseguirem evitar os efeitos do turismo de massas, é precioso sensibilizar o visitante para a particularidade do local onde se desloca. Aquilo que existe de melhor nestas paragens, entre a tradição, gastronomia e natureza, mistura-se de forma harmoniosa com o turismo em espaço rural. Aí, o visitante encontra um espaço próprio, “com um acolhimento familiar que as diferencia da oferta de massas, na medida em que este produto se preocupa com as questões culturais, ecológicas e atendimento personalizado”, sustenta o presidente das Casas Açorianas. Aliás, o Governo Regional dos Açores “é um dos principais parceiros da Associação, desde que reconheceu o turismo rural e de natureza como uma âncora fundamental para o já de si apelativo destino Açores. Este reconhecimento permitiu desenvolver em conjunto o investimento no setor e, sobretudo, uma eficaz promoção de um produto único e tão especial. É exemplo a nossa proposta futura de garantir a autenticidade, a qualidade e o envolvimento com o meio natural e harmoniosamente humanizado, fatores que são decisivos para a sustentabilidade, um conceito que a Associação defende e pratica desde o início”, acrescenta Gilberto Vieira. Finalmente, quem procura as unidades das Casas Açorianas “é atraído pela garantia de que terá uma inserção num meio ambiente mais genuíno, e que desfrutará mais daquilo que é a oferta turística dos Açores”, afirma o seu presidente. E Gilberto Vieira ainda concluiu: “há o contato com a natureza em formas surpreendentes. A interação com um legado de humanização profícua e pachorrenta, dois dedos de conversa com gente recetiva, simpática e sincera, uma gastronomia nascida da terra e do mar em que os produtos simples e saudáveis ganham sabores incríveis pelas mãos que replicam saberes ancestrais. A somar a isto tudo o sossego e a segurança, que são ingredientes praticamente imbatíveis no panorama turístico à escala global”.
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