Santiago, cor e animação

A cidade da Praia e a ilha de Santiago, no arquipélago de Cabo Verde, proporcionam o encontro com a imponência, a magia e o esplendor de África em pleno oceano Atlântico.

Santiago é a maior e mais africana ilha do arquipélago cabo-verdiano, mas está longe de ser a mais amada pelo turismo. Ainda bem. Pode não ter os resorts do Sal nem as praias da Boa Vista; pode não ter a pujança cultural de São Vicente e um festival como o da Baía das Gatas; pode não ter os trilhos montanhosos de Santo Antão, a cratera incandescente do Fogo ou a beleza recôndita de Brava e Maio. Mas Santiago é uma ilha extraordinária, de alma africana e ritmo no corpo, que vale bem a pena visitar. Eu haveria de ficar rendido a Santiago. Surpreendido.

Antes de mais, pelos mercados, pela animação e ruas coloridas do Plateau, pelo centro histórico da cidade da Praia; pelas lotas improvisadas à chegada dos barcos de pesca às águas cristalinas da bonita praia do Tarrafal, no extremo oposto da ilha, e onde as marcas do passado colonial estão bem vincadas nas paredes do homónimo estabelecimento prisional.

Depois, pela Cidade Velha, ou Ribeira Grande, que a UNESCO classificou como Património Mundial por ser o “primeiro posto militar avançado Europeu nos trópicos”, e onde pontifica o conjunto urbanístico do Forte Real de São Filipe, belo e imponente.

Ou ainda pelas paisagens do interior da ilha; e por povoações como Assomada ou as aldeias onde se produz o grogue – a bebida nacional de Cabo Verde – de forma totalmente artesanal. Cheguei a uma dessas aldeias por sugestão de um condutor amigo de ocasião, e acabei a provar grogue perdido no interior montanhoso de Santiago. Sem planos. Ao sabor do vento.

Sim, não faltam motivos para se encantar com Santiago. Vá com tempo, que a ilha se destaca pelo fervilhar de vida e gente, cor e autenticidade. Eu, que sou um viajante de ruas e coisas simples, senti-me muito bem na Ilha de Santiago.

Texto e fotos de Filipe Morato Gomes