À semelhança do que faz hoje a SATA Azores Airlines, antes eram as embarcações que diminuíam as distâncias impostas pelo mar.

Na Vila das Velas, em São Jorge, numa oficina onde se misturavam arte, sabedoria e agradáveis momentos de convívio, o mestre Manuel Maria Gambão construía as embarcações que em tempos idos transportavam mercadorias, pessoas e sonhos.

Muitos anos depois Artur Cabeceiras, neto do construtor naval, quis homenagear o avô escrevendo o livro: “A Tenda do avô”, em coautoria com o Professor Belarmino Ramos.

Este livro reúne registos das mais de 100 embarcações que Manuel Maria Gambão construiu, desde traineiras, embarcações de pesca local, embarcações de tráfego local e passageiros a embarcações de serviço de portos, lanchas e botes baleeiros.

A “Tenda do Avô” era a oficina, na ilha de São Jorge, onde o mestre Manuel Gambão construía várias dezenas de embarcações e por onde andava Artur Cabeceiras desde a infância, fascinado com a arte do seu avô.

O encanto que Artur sentia pela oficina do avô, que era também uma zona de convívio e de amenas conversações, acabou por dar origem ao desejo de criar este livro.

Esta “Tenda” era, de facto, mais do que uma oficina de embarcações, era todo um mundo que albergava sonhos, memórias afetivas e também parte da História da Ilha de São Jorge e dos Açores, intrinsecamente ligada ao mar e às embarcações que o navegavam e diminuíam as distâncias que ele impunha.

Para além dos registos das embarcações contruídas pelo mestre Manuel, este livro reúne, também, fotografias de família e poemas relacionados com o mar, intercalados com apontamentos que contextualizam a importância da arte de Manuel Gambão para a ilha de São Jorge.

Trata-se, pois, de uma obra de inegável importância documental que poderá, no futuro, servir de base a estudos mais aprofundados sobre a Construção Naval nos Açores.