Azores Wine Company — Experimentar os Açores com todos os sentidos 

No coração do Atlântico, envolta em paisagens dramáticas de origem vulcânica e abraçada pelo mar, a ilha do Pico, nos Açores, é palco de uma das mais notáveis histórias de renascimento vitivinícola em Portugal. É neste cenário único, entre currais de pedra negra e vinhas que desafiam a lógica, que a Azores Wine Company tem vindo a escrever uma nova página na história dos vinhos açorianos — e agora, também, na da gastronomia. 

Onde o vinho nasce da pedra 

A ilha do Pico não é apenas um paraíso natural com o ponto mais alto de Portugal; é também uma terra moldada pela resistência humana, que transformou campos de lava em vinhedos. Os famosos “currais” — pequenos muros de pedra que protegem as videiras dos ventos salinos do Atlântico — fazem parte da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, classificada como Património Mundial da UNESCO desde 2004. Aqui, a tradição vitivinícola remonta há séculos, marcada pela produção de vinhos licorosos que chegaram a ser servidos nas cortes da Europa e da Rússia. 

A Azores Wine Company 

Fundada em 2014 pelo enólogo António Maçanita e por Filipe Rocha, a Azores Wine Company nasceu do desejo de recuperar castas autóctones quase extintas e devolver aos Açores o seu lugar de destaque no mundo do vinho. Com um trabalho pioneiro na reabilitação do Terrantez do Pico, do Saborinho e do Boal, a empresa tem conquistado reconhecimento nacional e internacional, tanto pela excelência dos seus vinhos como pelo impacto que tem tido na revitalização da viticultura açoriana. 

Desde a sua criação, a empresa não parou de inovar. Atualmente, gere cerca de 100 hectares de vinhas na ilha do Pico e colabora com vários viticultores locais. Produz castas únicas no mundo — como o Arinto dos Açores e o Terrantez do Pico — que dão origem a vinhos que cheiram a vulcão, a mar e a algas. Vinhos verticais, intensos, com uma profundidade rara. 

Mas a sua missão vai além da produção de vinho. Tornou-se uma força catalisadora da comunidade vitivinícola local, inspirando novos produtores, promovendo colaborações e elevando o padrão médio. Hoje, os vinhos dos Açores começam a surgir lado a lado com os melhores do mundo, marcando presença à mesa de alguns dos mais prestigiados restaurantes, em vários continentes. 

A Adega: Um diálogo entre terra, arquitetura e cultura 

A adega da Azores Wine Company é muito mais do que um espaço de produção. Desenhada por uma equipa de arquitetos portugueses e britânicos, foi concebida para integrar-se com subtileza no ambiente e refletir a alma do Pico. 
Aqui, tradição e modernidade coabitam: além da produção de vinho, há espaço para visitas, provas, refeições e momentos de contemplação que celebram a autenticidade da ilha. 


 A nova adega da Azores Wine Company é mais do que um edifício premiado — é uma reinterpretação contemporânea da adega picoense: um espaço junto ao mar, feito de pedra e memória, onde se fazia vinho, se recebiam amigos… e agora também se dorme. 
Com apenas seis apartamentos — cinco T0 e um T2 —, a hospitalidade é íntima e familiar. A decoração minimalista aposta em conforto e autenticidade, produção local e peças que homenageiam a cultura açoriana: amenities ecológicos, peças artesanais, mantas feitas à mão, mobília dos anos 60 e 70. 

Gastronomia que surpreende — e enraíza 

É neste cenário de rara beleza que se realizou o primeiro jantar vínico com um chef com estrela Michelin, João Sá. Uma noite memorável, onde produtos como a lagosta do Pico, o café de São Jorge e o ananás de São Miguel transformaram-se em criações inesperadas, ousadas e profundamente açorianas. 

“Quero fazer pratos que são muito açorianos, mas que as pessoas nunca tenham provado”, afirma o chef João Sá. “Nunca provei isto, mas estou nos Açores” — essa foi a experiência sensorial que procurou provocar em cada prato. 

“Queríamos que cada prato contasse uma história da ilha”, afirma o chef residente Rui Batista, que trouxe para o restaurante a energia das montanhas, os sabores das algas selvagens e a humildade de quem conhece o poder da natureza. “As pessoas saem da mesa mais conectadas à terra.” 
Durante o jantar, os pratos foram harmonizados com vinhos produzidos por António Maçanita em diferentes regiões portuguesas, criando um verdadeiro diálogo entre territórios. Foram servidos vinhos do Douro, do Alentejo, da Madeira e, naturalmente, dos Açores, revelando a diversidade do trabalho do enólogo e ampliando a viagem sensorial dos convidados. 

O restaurante oferece dois conceitos: um menu de degustação vínica, com diferentes opções de harmonização, desde apenas vinhos açorianos, a vinhos de várias regiões portuguesas ou até vinhos de ilhas vulcânicas; e uma proposta mais informal ao balcão, com vinhos a copo ou à garrafa, perfeita para uma refeição descontraída. Em ambos, o mesmo princípio: produtos exclusivamente
açorianos, tratados com criatividade e respeito. 

Os visitantes que chegam à Azores Wine Company vêm pelo vinho, pela autenticidade e pela possibilidade de viver a ilha fora da época alta. Esta procura consciente contribui para prolongar a temporada turística e apoia uma economia local mais equilibrada e sustentável. 

Um futuro com raízes profundas 

O próximo jantar está a ser preparado. Novas vindimas, novos chefs, novas histórias. No Pico, o enoturismo não tem estação — vive-se o ano inteiro. 

A Azores Wine Company continua a apostar em práticas sustentáveis, tanto na vinha como na cozinha. Promove intercâmbios com sommeliers e produtores de todo o mundo, levando os vinhos dos Açores às melhores cartas internacionais. 

Porque no fim, este projeto é mais do que uma marca de vinho. É a história de uma ilha e de um arquipélago para descobrir com todos os sentidos. 

Este projeto tornou-se uma referência regional com reconhecimento nacional e internacional. Premiado pela arquitetura, pelos seus vinhos e pela sustentabilidade, foi distinguido como uma das 100 melhores adegas do mundo pela Revista Wine & Spirits — um feito sem paralelo nos Açores. 

 


 

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